Hoje contamos um ano desde que tomámos conhecimento do primeiro caso de COVID-19 em Portugal. Um ano.
Foi um ano de muitas inseguranças e receios. De muitas dificuldades e preocupações, quer de saúde, como na gestão da vida diária e na tentativa de nos protegermos de um perigo invisível, que nos fez contrariar diariamente o nosso impulso mais básico: o da interacção social.
Precisamos do outro para sobreviver enquanto sociedade, precisamos do outro para nos sentirmos em segurança.
Quando nos dizem que temos que nos manter afastados do outro porque isso nos coloca em perigo, vivemos um conflito e confusão interna, entre a necessidade de estar com o outro e o senti-lo como algo perigoso.
As consequências disto são inúmeras e temos visto começarem a aparecer um pouco de várias formas.
Mas vamos gerindo, dia a dia, tentando encontrar o melhor caminho para cada um, para as nossas famílias, para que o final de tudo isto chegue e consigamos começar a juntar os pedaços do que se foi quebrando durante este tempo.
Sim, virá o tempo de começar a reconstruir. Reconstruir a vida, a partir do lugar em que esta situação deixou cada um. Reconstruir-nos internamente, a partir da experiência de sermos relembrados da nossa finitude e da importância da vida. Reconstruir-nos enquanto sociedade, tentando incorporar informação valiosa que fomos aprendendo até agora. E, principalmente, reconstruir um lugar de segurança interna ao qual todos possamos voltar, para conseguir a estrutura suficiente para reconstruir tudo o resto.
Mas sei que somos capazes. Sei que somos resilientes. Sei que encontraremos uma forma de recomeçar. Sei que a vida continuará.
0 Comments