A Psicologia tem percorrido um longo caminho até à actualidade e é verdade que, em alguns momentos, passou por dificuldades que resultaram em alguns olhares desconfiados, que, para alguns, se mantêm ainda hoje.
Um exemplo desse nível de desconfiança prende-se com algo que tantas vezes ouço e que tem que ver com a “Psicologia ser para os malucos”. Poderíamos começar por questionar o que é “ser maluco” ou “ser normal” e teria muito para escrever apenas sobre estas duas questões, no entanto, debruço-me aqui mais sobre o mito que se gerou em torno das pessoas que procuram ajuda psicológica.
Ao contrário do que algumas pessoas ainda pensam (cada vez menos, felizmente), quem procura ajuda psicológica tem em si uma reserva de saúde mental e um potencial de cura, que guiam a acção da pessoa (mesmo em momentos em que tudo o resto se torna muito difícil) no sentido de procurarem a ajuda necessária para se conseguirem reequilibrar e ultrapassar as dificuldades que possam estar a sentir.
Será “maluco” quem percebe que não está bem e procura ajuda para conseguir ficar melhor ou quem, mesmo percebendo que não está bem, escolhe não fazer nada sobre isso?
Mesmo por entre amigos e conhecidos ouço vezes demais o velho : “deve-te aparecer cada maluco”, ao que respondo sempre: por acaso, aparece-me é muita gente saudável, que quer ficar ainda melhor e tirar mais proveito da vida”.
Também algumas das pessoas que me chegam relatam este tipo de preconceito. Ainda recentemente alguém, em consultório, comentava comigo que não gostava de partilhar com outros que fazia psicoterapia porque o único momento em que o tinha feito, recebeu em retorno um “como assim? Tu não precisas de psicoterapia, tu és normal”.
Ora, normais somos todos e, por isso mesmo, todos passamos por dificuldades e momentos em que sentimos que precisamos de ajuda.
Da próxima vez que alguém comentar consigo que está a ser acompanhada por um psicólogo, ou que sente dificuldades, perceba que essa pessoa está a partilhar consigo algo importante para ela. Valide o acto de procurar ajuda como algo saudável. Felicite-a por estar a fazer melhores escolhas para ela. Ofereça ajuda. É tempo de se ir acabando com este preconceito.
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