Lera Boroditsky é cientista cognitiva e professora associada na Universidade da Califórnia, San Diego. Tem-se dedicado a investigar a relação entre a mente, o mundo e a linguagem (como os humanos se tornaram inteligentes).
Existem cerca de 7000 línguas faladas em todo o mundo e todas elas têm sons, vocabulários e estruturas diferentes. Mas será que elas modelam a nossa forma de pensar? Lera Boroditsky dá-nos exemplos de línguas — desde uma comunidade aborígene na Austrália que utiliza pontos cardeais em vez de “esquerda” e “direita”, até às múltiplas palavras para a cor “azul” em russo — que sugerem que a resposta é um retumbante sim. “A beleza da diversidade linguística é que ela nos revela o quão engenhosa e flexível é a mente humana”, diz Boroditsky. “As mentes humanas não inventaram um universo cognitivo, mas 7000”.
Podem-se concluir várias coisas sobre estes resultados mas não posso deixar de voltar, uma e outra vez, à importância que tem a capacidade de nos descentrarmos e mantermos presente que o outro poderá ter uma percepção do mundo diferente da minha (nossa) e que, por isso mesmo, o que assumimos como certo ao comunicar pode, na realidade, não ser percebido da forma que tencionávamos.
Quando usamos expressões como “é óbvio” ou “é muito claro”, é importante não perder de vista que o que pode ser óbvio e claro para nós, não é necessariamente óbvio e claro para o outro. O resultado disto é, por norma, uma comunicação deficiente, que pode ter consequências nas relações interpessoais.
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