A segurança das crianças na internet é um assunto cada vez mais preocupantes para pais e educadores. Esta semana, surgem novas informações sobre duas adolescentes que foram as mais recentes vítimas do jogo da asfixia, um desafio que tem circulado pelas redes sociais em Espanha, e que passa pela interrupção intencional de oxigénio e, consequentemente, da irrigação sanguínea no cérebro.
Segundo informação de O jornal “El Mundo”, uma das jovens terá aceitado, de livre vontade, participar no jogo em plena via pública, em Madrid. As amigas que a acompanhavam estrangularam e pressionaram o peito da jovem até que lhe faltasse o oxigénio, fazendo com que a esta caísse no chão inconsciente, tendo sido levada para o hospital. Outros acontecimentos do mesmo género foram já relatados em paises como Brasil, EUA, Reino Unido e França.
O objectivo do desafio parece ser induzir temporariamente o desmaio, a sensação de euforia e vertigens. A privação de oxigénio é possível através de estrangulamento (pressão em redor do pescoço que comprime a artéria carótida interna) ou de hipocapnia autoinduzida (hiperventilação).
Sabemos que qualquer acontecimento que prive o cérebro de oxigénio pode resultar em danos cerebrais diversos – com mais ou menos gravidade – podendo levar à perda permentente de funções neurológicas como; dificuldade de concentração, perda de memória, lesões cerebrais permanentes e mesmo morte.
Nos Estados Unidos da América, o Centers For Disease Control and Prevention (CDC) levou a cabo um estudo no qual foram encontradas evidências que desde 1995 morreram, pelo menos, 82 crianças e adolescentes, com idades entre os 6 e os 19 anos, como consequência do jogo da asfixia. Destas 82 crianças, a grande maioria morreu quando se encontrava sozinho, sendo que, também no caso da maioria, os pais desconheciam a existência do jogo em causa.
É, assim, de extrema importância que pais, cuidadores e educadores tomem conhecimento dos indicadores deste (e de outros) jogo, permanecendo atentos a possíveis sinais como: olhos vermelhos, marcas à volta do pescoço, dores de cabeça severas, desorientação e confusão mental, cordas, cintos ou outros atados a móveis, portas, maçanetas, etc e a presença de artigos como coleiras de cão ou cordas e elásticos. Falar repetidamente do jogo com a família e amigos é, também, um possível indicador a ter em conta.
Pais e cuidadores devem manter-se atentos e conversar abertamente com os seus filhos sobre este e outros jogos que circulam na internet e que podem causar problemas graves ou mesmo a morte. Os jovens são por natureza curiosos e, nesse sentido, falar com eles sobre estas questões pode evitar que vão procurar eles informação e se envolvam descontroladamente na teia destes jogos.
As crianças e os jovens não possuem a maturidade necessária a descortinar as intenções criminosas que se escondem por detrás deste tipo de desafio, o que os habilita a tornarem-se alvos fáceis para potenciais criminosos e acabam por sentir-se presos em situações ameaçadoras, das quais sentem que não podem escapar.
É, por isso, tão importante falar com eles, esclarecê-los e dar-lhes ferramentas para que possam lidar com estes acontecimentos de forma mais segura. Por exemplo, saber como bloquear e denunciar utilizadores abusivos nas plataformas online pode ser muito útil. Sites como internetsegura.pt ou miudossegurosna.net fornecem dicas e informação importante sobre como lidar com a segurança das crianças online. Poderá ser útil consultar e actualizar-se sobre algumas medidas preventivas e de segurança.
É verdade que o fácil acesso à internet e a proliferação de redes sociais deixa os mais jovens, de forma geral, expostos a este tipo de perigo, ainda assim, alguns jovens podem mostrar-se mais vulneráveis que outros e características como a tendência para se isolar, a fraca comunicação com os familiares e amigos, a ausência de outros interesses para além de jogos e conteúdos de internet e, consequentemente, muitas horas no computador, telemóvel ou tablet, são factores que podem favorecer o envolvimento neste tipo de jogos e desafios.
É imprescindível que pais e cuidadores se mantenham atentos, informados e activos na prevenção deste tipo de acontecimento. A tendência para achar que estas situações acontecem apenas a terceiros e que o seu filho não se envolveria em nada deste tipo, pode facilitar o acontecimento.
Converse com o seu filho sobre estes temas, tente perceber o que ele pensa do assunto e esclareça qualquer dúvida que ele possa ter. Mostre-se disponível para falar destas questões sempre que se proporcione, validando as preocupações e curiosidade do seu filho. Mantenha a comunicação com ele e ajude-o a sentir que não está sózinho e pode recorrer a si em caso de perigo ou ameaça.
Um Ano de Covid-19 – Os Receios. As Dificuldades. A Vida a Continuar.
Hoje contamos um ano desde que tomámos conhecimento do primeiro caso de COVID-19 em Portugal. Um ano. Foi um ano de muitas inseguranças e receios. De muitas dificuldades e preocupações, quer de saúde, como na gestão da vida diária e na tentativa de nos protegermos de...
0 Comments